"Resolvi disponibilizar o meu sofá para quem precisasse. A demanda foi bem grande e, no fim das contas, acabei montando o projeto para expandir", conta Iran Gusti, idealizador da Casa 1. Veja os detalhes da iniciativa
De acordo com pesquisa promovida por um aplicativo de acolhimento, 60,3% dos entrevistados conhece alguém que foi expulso de casa por ser LGBT. O dado é alarmante e, diante dessa e de outras evidências, jovens decidiram criar um projeto para abrigar essas pessoas.
Assim nasceu a Casa 1, uma espécia de república para acolher o público LGBT que está nas ruas ou teve de sair de casa. Para entender mais sobre o projeto e, também como colaborar com ele, entrevistamos Iran Giusti, um dos idealizadores da Casa.
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Conheça a Casa 1
iGay: Iran, qual é a ideia, a proposta da Casa 1?
Iran Giusti: A ideia é termos uma espécie de república onde LGBT que tenham sido expulsos de casa possam ficar. Hoje, a cidade de São Paulo conta com apenas 54 vagas dedicadas a esse grupo, e a grande maioria não vai por sofrer agressões físicas e psicológicas nesses espaços por suas orientações sexuais e identidade de gênero. Além disso, a Casa 1 vai funcionar como um centro de cultura e espaço para cursos, palestras e workshops para os moradores e público em geral.
iGay: E de onde surgiu essa ideia?
Iran: Ser expulso de casa é antiga e constante e há pelo menos uma década surgem iniciativas para dar apoio à essas pessoas. A grande questão é que isso demanda dinheiro, dados (algo que a nossa comunidade não tem, porque não temos legislação) e políticas públicas. Foi então que resolvi disponibilizar o meu sofá para quem precisasse. A demanda foi bem grande e no fim das contas acabei montando o projeto para expandir.
A gente é uma comunidade muito barulhenta, mas que avança quase nada em questões de direitos e combate ao preconceito"
iGay: Qual a importância de um projeto como esse?
Iran: Na real não só projetos como esses, mas projetos com temática LGBT em geral são importantes demais. A gente é uma comunidade muito barulhenta, mas que avança quase nada em questões de direitos e combate ao preconceito. Nossa cultura e sociedade entende os e as LGBT como um problema que tem que lidar ao invés de pensar que não é problema algum.
iGay: E sendo a Casa não só uma república, mas também um centro de cultura, quais eventos vocês planejam para quando a Casa já existir?
Iran:
Outra coisa legal da Casa é que teremos um sistema colaborativo e a ideia é que o espaço seja um lugar de realização de projetos e um lugar em que as ideias saiam do papel, então podemos pensar de tudo. Eu particularmente quero trabalhar no incentivo de produção cultura LGBT e estudo e levantamento do histórico da comunidade no Brasil. A gente conhece muito pouco nossa história.
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iGay: E quem está por trás do projeto?

Iran: Hoje temos além de mim, o estudante de relações públicas Otávio Salles, que ajuda com tudo, e também a agência feminista Quatro e Um, que trabalha com a gente tanto no planejamento quanto na comunicação.
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iGay: Quanto falta para tirar o projeto do papel e colocar em prática?
Iran: Infelizmente muito. Conseguimos apenas 5% do valor para o aluguel do espaço por isso é muito importante que as pessoas contribuam.
A república e centro de cultura LGBT conta com um financiamento coletivo para abrir. Quem quiser, pode contribuir com o projeto.